5/26/2010


Os cordéis de marioneta que me seguram na vida baloiçam ao ritmo do vento dos meus sonhos e dos meus desejos, mas não dos meus sentidos. Deixo-me manobrar num palco de vida em que sou mera personagem. Não tenho sentidos, estou adormecida. Não sou crente em destinos ou fatalidades e sucessos anunciados. Deixo-me conduzir apenas sem deixar que os sentidos decidam o rumo. Não sentindo, não recordo, não evoco memórias antigas, não lamento um dia a dia de vazio. Sinto os meus cordéis agitarem-se e rio de mim mesma. Sou apenas uma marioneta nas mãos do presente, tentando não sentir o hoje ou o amanhã, para não relembrar a dor do ontem. Vou sentindo a felicidade de saber que os meus cordéis me dão vida, me dão algum consolo, me levam cada dia a um leito de serenidade e adormecimento.

5/11/2010

"De boa vontade habitaria numa humilde cabana
No alto de uma montanha junto ao mar
Se ao menos estivessemos juntos
Guardo as horas que passo contigo
Como uma espécie de sonho
Uma espécie de filme que eu vejo
Mas como se fossem outros a vivê-lo
De outros homens diz-se terem visto anjos
Mas eu vi-te
E tu és o bastante"


Foi por quem escreveu estas palavras que eu me apaixonei, foi com ele que aprendi a amar, foi com ele que senti o amor, foi por ele que senti tanta dor, foi por achar que já não me amava que o perdi. É por ele que choro e é a ele que amo. É nele que penso e se por momentos o quis deixar e se o feri a ponto de para sempre o perder, é a ele que eu sempre vou amar, até que já nada mais haja para viver.
Peço-lhe perdão, mas não espero ser perdoada.
Digo-lhe que o amo, mas não espero ser amada.
Mas o amor que sinto por ele nunca vai desaparecer, bem como a culpa que sinto de não o ter!



Quantas lágrimas pode um ser humano verter? Por quanto tempo? Quanta dor pode o coração aguentar? Pode-se viver com dor, mágoa, culpa, arrependimento por quanto tempo? Pode-se morrer de amor e tristeza? Quando já não se aguentar o sofrimento, a dor de amar e ter perdido quem se ama paramos de querer viver e lutar? Quando inspiramos o último fôlego de ar pertencemos para sempre a quem amamos? Revivemos todos os momentos com quem amamos no último momento? É possível amar toda a vida e pedir para que esta seja curta para tentar reduzir a dor que sentimos? Que fazer quando o amor e a dor se confudem e deixam de ser sentimento passando a ser parte do corpo?

Grito alto e não encontro respostas. Procuro em mim uma razão e não a encontro. Só sinto dor e culpa. Já não sinto o amor, já faz parte do meu corpo, do meu sangue, da minha pele. Sinto que todo o meu interior quer saltar para fora quando choro. Não prendo as lágrimas, não as evito, deixo-as sair e rolar livremente. Deixo que as palavras que relembro me magoem, que todos os momentos vividos venham à minha recordação em todos os segundos que respiro para me fazerem doer. Só assim atenuo a culpa que sinto. Só assim me castigo pela dor que causei, pelo amor que perdi.

Perdi tudo o que me fazia completa, em busca de uma felicidade que não existe, para deixar de sentir a mágoa de um amor que eu achava perdido e que esteve sempre presente. Quis ser livre para não sentir a dor e encontro-me presa na mais profunda dor que jamais pensei ser possível existir e que nunca imaginei sentir.

Já perdi na vida alguém que amava muito e que era como um pai e a quem devia tudo, mas a dor de o ter perdido não se iguala ao que sinto. É lacinante, cruel, mortal. É como uma ferida que não fecha. E a culpa é minha, toda minha.

Como pude ser tão inocente em pensar que existia felicidade, quando apenas existem momentos felizes. E esses momentos perdi-os para sempre. Momentos que não voltam, mas que eu faço por recordar, para tentar que a tortura de as lembrar seja maior que o amor que sinto.

Como pude achar que o meu coração já não batia da mesma forma. Como pude pensar que já não me amava. Como pude ser tão cruel em tomar por certo apenas o que eu pensava e as elações que tirava dos momentos e das palavras.

Acorda!!!!! A vida não é só cor de rosa.
Cresce!!!! O amor não é só romance.
Sente!!!! A dor de amar é tão forte que me mata. É como se o amor que sinto fosse maior que o coração e que a cada lágrima, a cada segundo, a cada golfada de ar que respiro fosse rasgar o meu coração.

É o castigo justo! Na procura de respostas para o que era felicidade e amor, acabo perdendo aquele que me amou sem condições, sem limites e que eu amo acima de tudo, acima de todos, sem barreiras, sem sanidade e que me fazia feliz apenas por estar ali. Como dói saber a resposta!
Como dói sentir a realidade.
Há quem morra por amor, ou termine a vida por não ter coragem para enfrentar a dor. Eu não sou assim! Sou mais cruel comigo mesma. Perdi-o e amo-o desalmadamente, o amor que sinto não é são e já não o sinto porque já faz parte de mim, está-me na pele e no sangue. Perdi-o e a dor que sinto de não o ter a meu lado é tão forte que por vezes me deixa adormecida, inerte.
Mas vou viver. Vou deixar que a dor me corroa, vou recordar todos os dias as minhas palavras, as lágrimas dele, todos os momentos felizes. Vou chorar sempre que queira até os olhos me doerem e a cabeça não aguentar a dor. Vou viver a tortura do castigo de o ter perdido. Não só porque o mereça, mas porque preciso dele. É a doer que me sinto mais viva, é com as lágrimas que consigo adormecer.
Quanto tempo viverei??
Até que a dor deixe de existir em mim. Até que as lágrimas sequem.
Nesse dia morro!!
E no meu último respirar vou dizer o seu nome para por uma última vez sentir a dor de o ter perdido e então descansar!

12/08/2007

Sem nada a temer, apenas com a coragem do meu ser, caminho pelas terras do desconhecido. Abro caminho com a força dos meus braços, dilacerados pelos espinhos das sebes da vida.
Com o olhar no céu imagino uma dança de cores, salto e pulo a cada triunfo e rio da minha própria vergonha. Sou livre e a minha mente não tem limites. Nem céu, nem terra, nem oceano, ou vale profundo me irão deter.

Nasci com a força da chuva e do vento.
Sou livre, sou feliz, sou mulher!