
Quantas lágrimas pode um ser humano verter? Por quanto tempo? Quanta dor pode o coração aguentar? Pode-se viver com dor, mágoa, culpa, arrependimento por quanto tempo? Pode-se morrer de amor e tristeza? Quando já não se aguentar o sofrimento, a dor de amar e ter perdido quem se ama paramos de querer viver e lutar? Quando inspiramos o último fôlego de ar pertencemos para sempre a quem amamos? Revivemos todos os momentos com quem amamos no último momento? É possível amar toda a vida e pedir para que esta seja curta para tentar reduzir a dor que sentimos? Que fazer quando o amor e a dor se confudem e deixam de ser sentimento passando a ser parte do corpo?
Grito alto e não encontro respostas. Procuro em mim uma razão e não a encontro. Só sinto dor e culpa. Já não sinto o amor, já faz parte do meu corpo, do meu sangue, da minha pele. Sinto que todo o meu interior quer saltar para fora quando choro. Não prendo as lágrimas, não as evito, deixo-as sair e rolar livremente. Deixo que as palavras que relembro me magoem, que todos os momentos vividos venham à minha recordação em todos os segundos que respiro para me fazerem doer. Só assim atenuo a culpa que sinto. Só assim me castigo pela dor que causei, pelo amor que perdi.
Perdi tudo o que me fazia completa, em busca de uma felicidade que não existe, para deixar de sentir a mágoa de um amor que eu achava perdido e que esteve sempre presente. Quis ser livre para não sentir a dor e encontro-me presa na mais profunda dor que jamais pensei ser possível existir e que nunca imaginei sentir.
Já perdi na vida alguém que amava muito e que era como um pai e a quem devia tudo, mas a dor de o ter perdido não se iguala ao que sinto. É lacinante, cruel, mortal. É como uma ferida que não fecha. E a culpa é minha, toda minha.
Como pude ser tão inocente em pensar que existia felicidade, quando apenas existem momentos felizes. E esses momentos perdi-os para sempre. Momentos que não voltam, mas que eu faço por recordar, para tentar que a tortura de as lembrar seja maior que o amor que sinto.
Como pude achar que o meu coração já não batia da mesma forma. Como pude pensar que já não me amava. Como pude ser tão cruel em tomar por certo apenas o que eu pensava e as elações que tirava dos momentos e das palavras.
Acorda!!!!! A vida não é só cor de rosa.
Cresce!!!! O amor não é só romance.
Sente!!!! A dor de amar é tão forte que me mata. É como se o amor que sinto fosse maior que o coração e que a cada lágrima, a cada segundo, a cada golfada de ar que respiro fosse rasgar o meu coração.
É o castigo justo! Na procura de respostas para o que era felicidade e amor, acabo perdendo aquele que me amou sem condições, sem limites e que eu amo acima de tudo, acima de todos, sem barreiras, sem sanidade e que me fazia feliz apenas por estar ali. Como dói saber a resposta!
Como dói sentir a realidade.
Há quem morra por amor, ou termine a vida por não ter coragem para enfrentar a dor. Eu não sou assim! Sou mais cruel comigo mesma. Perdi-o e amo-o desalmadamente, o amor que sinto não é são e já não o sinto porque já faz parte de mim, está-me na pele e no sangue. Perdi-o e a dor que sinto de não o ter a meu lado é tão forte que por vezes me deixa adormecida, inerte.
Mas vou viver. Vou deixar que a dor me corroa, vou recordar todos os dias as minhas palavras, as lágrimas dele, todos os momentos felizes. Vou chorar sempre que queira até os olhos me doerem e a cabeça não aguentar a dor. Vou viver a tortura do castigo de o ter perdido. Não só porque o mereça, mas porque preciso dele. É a doer que me sinto mais viva, é com as lágrimas que consigo adormecer.
Quanto tempo viverei??
Até que a dor deixe de existir em mim. Até que as lágrimas sequem.
Nesse dia morro!!
E no meu último respirar vou dizer o seu nome para por uma última vez sentir a dor de o ter perdido e então descansar!